...ela tinha descido do carro em que viajava, devido ao engarrafamento causado pelo protesto. Ele havia se aproximado da manifestação saindo de seu escritório próximo, junto com amigos.
Estavam ali de pé, em uma espera tensa, quando se ouviu o que parecia um disparo. Um amigo o tranquilizou, dizendo que deviam ser balas de borracha. Mas ele se virou e viu Neda despencar. "Ela girou a cabeça para olhar a ferida e pôs a mão no peito. Só vi surpresa em seu rosto e em seguida perdeu o controle. Pressionei a ferida. Pelo que vi, a bala atingiu sua aorta e os pulmões. Quando a aorta é afetada, o sangue escapa do corpo em menos de um minuto. Não se pode fazer nada. Ela não disse uma palavra. Morreu nas minhas mãos", acrescenta.Voltou ao seu escritório para se lavar. "Estava assombrado e furioso, preocupado e triste. Como médico, já tinha visto a morte antes muitas vezes, e gente ferida de bala, mas nunca tive esses sentimentos. Não era só por sua morte, mas pela injustiça e pelo olhar penetrante de seus olhos enquanto sua vida se esvaía."Então percebeu o perigo que havia ocorrido. "Pensei que esse disparo podia ter me atingido, que aquele que o fez poderia ainda estar ali e disparar outra vez. Senti medo da morte e achei ruim pensar em mim nesse momento. Tive um profundo sentimento de culpa por não ter conseguido salvá-la e estar pensando em mim mesmo. Não pude dormir nas três noites seguintes. Pensava naquele olhar, em seus olhos. Não tive tempo de dizer nada. Aquele olhar, como que me perguntando como isso podia ter acontecido. Um olhar muito inocente.""Não fui para casa nessa noite, mas para a de meus pais. Não podia falar sobre aquilo. De repente apareceu a imagem na televisão. Não me lembro se foi na CNN ou na Al-Jazira. Eu disse: 'Esse sou eu'. E eles ficaram pasmos. Não desejo a ninguém que tenha de passar por uma experiência como essa."
Estavam ali de pé, em uma espera tensa, quando se ouviu o que parecia um disparo. Um amigo o tranquilizou, dizendo que deviam ser balas de borracha. Mas ele se virou e viu Neda despencar. "Ela girou a cabeça para olhar a ferida e pôs a mão no peito. Só vi surpresa em seu rosto e em seguida perdeu o controle. Pressionei a ferida. Pelo que vi, a bala atingiu sua aorta e os pulmões. Quando a aorta é afetada, o sangue escapa do corpo em menos de um minuto. Não se pode fazer nada. Ela não disse uma palavra. Morreu nas minhas mãos", acrescenta.Voltou ao seu escritório para se lavar. "Estava assombrado e furioso, preocupado e triste. Como médico, já tinha visto a morte antes muitas vezes, e gente ferida de bala, mas nunca tive esses sentimentos. Não era só por sua morte, mas pela injustiça e pelo olhar penetrante de seus olhos enquanto sua vida se esvaía."Então percebeu o perigo que havia ocorrido. "Pensei que esse disparo podia ter me atingido, que aquele que o fez poderia ainda estar ali e disparar outra vez. Senti medo da morte e achei ruim pensar em mim nesse momento. Tive um profundo sentimento de culpa por não ter conseguido salvá-la e estar pensando em mim mesmo. Não pude dormir nas três noites seguintes. Pensava naquele olhar, em seus olhos. Não tive tempo de dizer nada. Aquele olhar, como que me perguntando como isso podia ter acontecido. Um olhar muito inocente.""Não fui para casa nessa noite, mas para a de meus pais. Não podia falar sobre aquilo. De repente apareceu a imagem na televisão. Não me lembro se foi na CNN ou na Al-Jazira. Eu disse: 'Esse sou eu'. E eles ficaram pasmos. Não desejo a ninguém que tenha de passar por uma experiência como essa."
Arash Hejazi
Nenhum comentário:
Postar um comentário